A narrativa de Mrs Dalloway tece uma emaranhada teia de caminhos que se cruzam na Londres de um dia de junho de 1923, dos quais o mais importante é o da personagem que dá título ao romance, Clarissa Dalloway. Como sabemos, ela sai de casa no meio da manhã, para comprar flores para a sua festa, no final de um dia de junho de 1923. Não sabemos exatamente a hora. (Também não saberemos onde, exatamente, mora o casal Dalloway. Por uma informação lateral (p. 119), dada quando, mais adiante, Richard Dalloway volta à casa após uma visita a Lady Bruton, apenas ficamos sabendo que residem em alguma rua nas proximidades do Dean’s Yard, um quadrilátero gramado, não residencial, situado nos domínios da Abadia de Westminster, em torno do qual se situam a Westminster School e outros edifícios ligados à Abadia.) O Big Ben bate as horas enquanto ela cruza a Victoria Street, mas não somos informados de que hora se trata. Mas, como mais adiante, na cena do aeroplano, ouve-se novamente o Big Ben (supostamente, pois a narrativa menciona apenas “os sinos”) bater as horas (p. 22) e, dessa vez, nos dizem, são onze horas, pode-se presumir que Clarissa cruza a Victoria Street, a partir do lado sul, às dez horas. Pouco depois, ela entra num parque, o St. James’s Park , pode-se supor, acompanhando-se o roteiro num mapa de Londres (e também porque é explicitamente nomeado um pouco mais adiante). Nos mapas que acompanham algumas edições de Mrs Dalloway, costuma-se indicar o percurso exato de sua caminhada, mas trata-se de dedução, pois tudo o que a narrativa nos fornece são alguns dos pontos pelos quais ela passa. Assim, não sabemos exatamente como ela foi da Victoria Street até a entrada do parque (pelo portão chamado Storey’s Gate, adivinha-se, pois é o portão situado no canto sudoeste do parque, na rota do seu caminho.) Também não se sabe por qual caminho atravessou o parque, mas certamente não foi, como se indica nos mapas que acompanham certas edições do livro, através da ponte (Blue