A música e a censura da Ditadura Militar
Quando o golpe militar foi deflagrado, em 1964, o Brasil tinha os movimentos de bases político-sociais mais organizados da sua história. Sindicatos, movimentos, estudantil, de trabalhadores do campo, de base dos militares, todos estavam engajados e articulados com entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes).
Com a implantação da ditadura, entidades como essa foram asfixiadas. Em 1968, os estudantes eram os maiores inimigos do regime militar , que passaram a ter voz através da música. A Música Popular Brasileira começa a atingir grandes massas, ousando falar o que não era permitido à nação. Diante das forças dos festivais da MPB, o regime militar vê-se ameaçado.
A censura passou a ser a melhor forma da ditadura combater as músicas de protesto que pudesse ofender a moral da sociedade. A MPB sofreu amputações de versos de suas músicas, quando não eram totalmente censuradas. A censura além de cercadora, era de uma imbecilidade jamais repetida na história da música e cultura brasileira.
Alguns representantes incipientes da MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Taiguara e Geraldo Vandré, eram vistos pelos militares como inimigos do regime.
Em Dezembro de 1968, Gilberto Gil e Caetano Veloso foram presos, pois os militares tinham de concreto contra eles, a acusação de que tinham desrespeitado o Hino Nacional. O fato juntou-se a provocação de Caetano Veloso na antevéspera de Natal de 1968, ao cantar noite feliz com uma arma apontada na cabeça. O resultado foi a prisão e exílio dos dois em Londres, de 1969 a 1972. Ao retornar do exílio, os dois sofreram com a perseguição da ditadura e da censura.
Geraldo Vandré tornou-se o inimigo número um do regime militar. Sua canção “caminhando” tornou-se um hino contra a ditadura militar, cantada por toda a juventude engajada no Brasil em 1968. Perseguido pelo regime, Geraldo Vandré esteve exilado de 1969 a 1973. Após o exílio jamais conseguiu recuperar a carreira