A multiculturalidade como um cenário dos espaços escolares e os discursos da educação intercultural
O cenário escolar sofreu grande mudança desde o fim do século XVIII, quando foram implantadas pequenas escolas para retirar da rua crianças filhas dos trabalhadores. Na época a escola era apenas para as elites, mas lentamente foi inserido crianças das diversas classes sociais colocando a escola em contato com grupos de diferentes culturas.
Sofrendo o efeito da multiculturalidade a escola passou a confrontar-se com uma realidade desajustada dos currículos etnocêntricos e monoculturais. Esse desajuste passou a orientar muitas das políticas educativas, foi instituindo uma “escola para todos” e reclamando a repensar o currículo nas condições que oferece aos diferentes alunos que passaram a freqüentá-la.
Muitos dos debates do passado passaram a dar lugar a outros que sustentam a importância do grupo e do contexto cultural. Atualmente, tem sido admitida como explicações para os acontecimentos educativos em vez de se centrarem exclusivamente nos sujeitos e nos seus “dotes” individuais.
Nos anos 1980, a ênfase era colocada na igualdade de oportunidades individuais e na justificação da necessidade de uma reforma que se constituísse como um meio de combate ao insucesso escolar e de melhoria dos índices de desempenho dos alunos. Já nos anos 1990, reconhece-se a responsabilidade que tem a organização do sistema escolar, e começa a ser expresso o imperativo de uma política da diferença para proporcionar uma real igualdade de oportunidade a todos os grupos.
A origem da atenção da educação escolar ao multiculturalismo tem as suas raízes:
• Nos ideais de democracia instalados entre nós nos anos 1970.
• A presença de alunos que não correspondem ao perfil do “cliente ideal”. Daquela criança ou jovem que facilmente compreende ou aceita o ensino-padrão que caracteriza a escola tradicional e que responde de acordo com as regras valorizadas por esses modelos-padrão.
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