A Morte E O Riso Cumplicidades Entre Extremos Apenas Aparentes
A MORTE E O RISO: CUMPLICIDADES ENTRE EXTREMOS APENAS APARENTES
António Maduro Guerreiro
ÍNDICE
1. A Morte
3
- 1.1. Introdução
3
- 1.2. O Que é a Morte?
4
- 1.3. A Arte como Vida depois da Morte
5
2. O Riso
6
- 2.1. Introdução
6
- 2.2. O Riso e a Ética
7
3. Rir da e com a Morte
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Bibliografia
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2
1. A MORTE
1.1.
INTRODUÇÃO
A manifesta relutância em discutir a mortalidade parece ter caracterizado a generalidade da sociedade ocidental até ao século XVIII. De facto, como refere Eduardo
Lourenço, uma experiência tão universal como a da morte apenas se tornou objecto de uma reflexão autónoma a partir de Schopenhauer, o que pode ser explicado pelo facto de que “sempre houve uma instância, ao mesmo tempo de ordem espiritual e institucional, que durante séculos se encarregou de dar uma resposta à questão que a morte põe à humanidade; e por outro, a par da Religião, em paralelo ou concorrência implícita ou aberta com ela, aquilo que chamamos Filosofia, em suma, a vontade de racionalizar o conjunto da experiência humana, era a tentativa mais determinada para exorcizar e mesmo recalcar o mais temeroso obstáculo a uma compreensão serena e perfeita da existência”1.
Aliás, já o homem romântico se apaixonara pela morte, sonhara com a morte, tentara descobrir nela e para além dela a essência da vida. Mas apenas com
Schopenhauer a questão da insatisfação diante da vida, desenvolvida no Romantismo, será explorada a fundo – para este filósofo, o único e verdadeiro objectivo da vida, o seu fim, é a morte mesma, a morte como facto bruto e brutal, de absoluta opacidade.
Com este interesse pelo tema da morte, que atravessa diversos campos do
Saber, revelou-se também a sua articulação nas diferentes áreas históricas e culturais, dando a conhecer os aspectos universais da morte e do morrer. Mas a importância atribuída à morte não se limita ao âmbito académico e profissional; na verdade, a natureza da morte, bem como a própria realidade da