A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água
Certa manhã, um santeiro chega à casa da família Barreto e comunica à filha Vanda e ao genro Leonardo estar Quincas definitivamente morto em seu cômodo imundo, trajando farrapos, o dedão do pé saindo por um buraco da meia. Entretanto, constata-se que houve uma primeira morte, uma morte moral, não física, somando um total de três, fazendo de Quincas um recordista de morte.
Sua “primeira” morte acontece quando ele deixa de ser Joaquim Soares da Cunha, correto funcionário da Mesa de Rendas Estadual, aposentado após vinte e cinco anos de leais serviços, esposo fiel, respeitado por todos e, aos cinquenta anos, abandona a casa, a família, os bons hábitos e os antigos conhecidos para sair às ruas, beber nos botequins baratos, dormir em casa pobre. Certo dia, em um boteco, a venda do Lopez, Quincas serve-se de algo que pensa ser cachaça, assusta-se e berra "Águuuuua!" para todo o Mercado ouvir. As pessoas assustam-se num primeiro momento, mas depois caem na gargalhada e passam a chamá-lo não apenas de Quincas, mas sim, Quincas Berro D'água.
Com sua “segunda” morte, a família pode finalmente viver seu luto, embora apenas na aparência, pois, no fundo, estão aliviados com os novos acontecimentos. Agora, sua respeitável filha Vanda e seu formalizado genro Leonardo, tia Marocas e seu irmão mais novo, Eduardo, não precisam mais carregar o fardo da desonra diante de toda a sociedade. Apagava-se agora a mancha na dignidade da família.
Como prestação de contas ante ao grupo social, os familiares resolvem deixar de lado toda a humilhação passada e providenciam uma máscara de decência para o pacato Joaquim, e não mais Quincas, oferecendo-lhe um velório e um enterro dispendiosos. Seus quatro amigos mais íntimos e também companheiros de farra, Curió, Negro Pastinha, cabo Martin e Pé-de-Vento vão ao encontro do amigo. Eduardo, cansado de tudo aquilo, pede