A morte e a morte de quincas
“Tio Eduardo tinha voltado para o armazém, não podia abandoná-lo só com os empregados, uns calhordas. Tia Marocas prometera vir mais tarde para o velório, precisava passar em casa, deixara tudo ao deus-dará na pressa de saber as novidades.” (AMADO, 1959. p.9)
Duas, para alguns até três mortes são narradas nessa história, porém do mesmo personagem. Durante a trama um narrador onisciente apessoal nos conta como pode uma só pessoa morrer três vezes, nos detalhando em terceira pessoa o sofrimento e os pensamentos dos personagens.
“Vanda estremeceu na cadeira, passou a mão no rosto – será que estou enlouquecendo? –, sentiu faltar-lhe o ar, o calor fazia-se insuportável, sua cabeça rodava. Uma respiração ofegante na escada: tia Marocas, as banhas soltas, penetrava no quarto. Viu a sobrinha descomposta na cadeira, lívida, os olhos pregados na boca do morto.” (AMADO, 1959. p.12)
Ele nos conta a confusa morte de um homem, ou melhor, as confusas mortes de Quincas Berro D'água, que morre em um quarto solitário e repentinamente, pegando de surpresa todos que conhecia. Sua família, os personagens secundários dessa história, Vanda (filha), Leonardo (Marido de Vanda), Maroca (irmã de Joaquim) e seu marido Tio Eduardo, além de Otacília (esposa falecida de Joaquim), já havia dado ele como morto anos antes, quando