A MORTE DE SÓCRATES
De acordo com Platão, as acusações contra Sócrates foram:
"Sócrates é réu por empenhar-se com excesso de zelo, de maneira supérflua e indiscreta, na investigação de coisas sob a terra e nos céus, fortalecendo o argumento mais fraco e ensinando essas mesmas coisas a outros" (PLATÃO. Apologia de Sócrates, 2008. p. 139 [19 b-c]. , Ibidem. p. 146 [24 c]).
"Sócrates e réu porque corrompe a juventude e descrê dos deuses do Estado, crendo em outras divindades novas" (Ibidem. p. 142-143 [21 d]).
Levado a julgamento, foi condenado à morte. Como e por que isso ocorreu?
Tudo começou quando Sócrates tomou conhecimento de que o oráculo do templo de Delfos, dedicado ao deus Apolo, havia proclamado que ele era o homem mais sábio de Atenas. Não se considerando como tal, mas, ao mesmo tempo, não podendo duvidar da palavra do deus, decidiu investigar o significado de tal revelação.
Procurou, então, aqueles cidadãos mais ilustres de Atenas e que eram tidos como os mais sábios da cidade. Eles pertenciam a três categorias sociais: os políticos, os poetas (autores de tragédias, como Aristófanes, e de ditirambos - cantos religiosos em homenagem ao deus Dioniso) e os artesãos.
Interrogando esses cidadãos (por meio de seu método dialético), constatou que, na realidade, nada sabiam dos assuntos em que eram tidos como sábios. Ao termino da conversa com cada uma dessas pessoas Sócrates concluía:
"Sou mais sábio do que esse homem; nenhum de nos dois realmente conhece algo de admirável e bom, entretanto ele julga que conhece algo quando não conhece, enquanto eu, como nada conheço, não julgo tampouco que conheço. Portanto, é provável, de algum modo, que nessa modesta medida seja eu mais sábio do que esse individuo - no fato de não julgar que conheço o que não conheço" (Ibidem. p. 142-143 [21 d]).
Dai a famosa expressão atribuída a Sócrates: "sei que nada sei".
Acontece que Sócrates praticava esses diálogos em praça pública, a vista de todos. Dentre os presentes