A modernidade e o funk gospel
“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento (...)”
Romanos 12:2
Daniele Ferreira Evangelista
Resumo:
O presente artigo tem por objetivo analisar o fenômeno do funk gospel como modalidade de uma nova forma de desempenhar o religioso, cujo cerne é a redefinição das fronteiras entre sagrado e profano. O funk gospel promove a modernização relativa do campo religioso por meio de pressões e disputas acarretadas pelo ímpeto evangelizador do movimento gospel. No entanto, ao passo que o funk gospel se torna uma mediação eficaz entre a igreja e o público jovem, provoca questionamentos no interior da comunidade evangélica referentes aos limites de tal mediação. Por outro lado, o funk gospel também pode ser visto como fruto da atuação de indivíduos que tentam conciliar seus pertencimentos sociais e culturais, expandindo sua condição de evangélico. Sendo assim, o funk gospel constitui um foco de tensão originado pelo surgimento de novas demandas evangelizadoras.
O neopentecostalismo inaugurou, no âmbito da religiosidade pentecostal tradicional, um novo estilo comportamental baseado na valorização do consumo e na ruptura com o ascetismo. Muitos hábitos antes tidos como profanos e ligados ao “mundo” foram incorporados, principalmente no que diz respeito à estética e ao universo musical. Assim como muitos jovens, os neopentecostais usam brincos, colares, cosméticos, decidem o comprimento dos cabelos, ouvem rádio, assistem televisão, freqüentam festas.
“Temos poucas relações porque os outros pentecostais se voltam demais para o fanatismo, misturam fé com costumes. Ora, uma coisa nada tem a ver com a outra. Os pentecostais tradicionais, por exemplo, fundamentam-se em doutrinas baseadas nos costumes da época de Jesus. Nós, ao contrário, não vetamos nada. Na Igreja Universal é proibido proibir.” (Edir Macedo, Veja, 14.11.90, apud Mariano, 2010: