A mocinha do mercado central
Em uma dessas viagens, Maria é fruto do estupro de um ladrão em um ônibus, cuja sai de uma cidade do interior e pelas viagens no Brasil, descobre as suas personalidades.
Ela se chamava Maria. Maria Campos, apenas. Faltava-lhe o nome do pai. Diferente da Valentina Vitória Mendes Teixeira Couto, que além do nome duplo ainda carregava três sobrenomes. Valentina Vitória também tinha o cabelo comprido e encaracolado, fazia cocô todas as manhãs, demonstrando boa saúde, e, mais importante, sabia o significado de todos os nomes. “É mágico”, completava ela quando queria exaltar o quanto o significado do nome falava sobre a própria pessoa. Pois, foi com essa história de significado de nomes que Maria Campos arquitetou uma ideia: se chamar de outros nomes no intento de ser muitas pessoas, de viver muitas vidas, de ter todas as experiências que lhes fosse dadas.
Mas, antes de colocá-la em prática, conversou com a mãe que entendeu pouca coisa disso de sair viajando e trocando de nome para “ser todas as pessoas que quisesse ser”. No entanto, Maria estava decidida e antes de partir pediu apenas que a mãe lhe contasse, pela milésima vez, a história do seu nascimento que, por mais trágica que pudesse ser, era a que tinha.
Maria nasceu da violência e tentou compartilhar a história com a amiga do nome comprido, mas esta dizia não suportar histórias tristes. Tanto que não suportou sua própria vida, que nem era tão triste assim. Maria, então, pegou sua velha mala e partiu.
Primeiro em direção a Brasília, depois São Francisco, no norte de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, São João Del Rey e, por fim, de volta a Dores do Indaiá.