A migração do Haitianos para o Brasil
O noticiário do início de 2012 trazia um fato incomum: o Brasil estava sendo "invadido" por refugiados haitianos pela fronteira com o Peru, nas cidades de Brasileia e Epitaciolândia, no Acre, e por Tabatinga, no Amazonas. País mais pobre das Américas e convulsionado por lutas políticas, o Haiti foi devastado pelo terremoto de janeiro de 2010, o que leva muitas famílias de haitianos a procurar um novo lugar para trabalhar e viver. Centenas de haitianos estavam chegando ao Brasil diariamente nessas cidades, após viajar milhares de quilômetros em barcos ou aviões e, depois, em caminhões pela selva, famintos e sem dinheiro, tendo gastado tudo o que tinham para pagar os "coiotes", que organizam a viagem.
O estímulo a esse processo de migração foi dado pelo próprio governo brasileiro, pois o país chefia a missão militar de paz da Organização das Nações Unidas no Haiti desde 2004 e, após o terremoto, passou a conceder visto de migração aos haitianos, para que possam trabalhar aqui, sem fazer exigências prévias de emprego nem de residência no Brasil, considerando os haitianos refugiados de uma catástrofe natural. Quem conseguia chegar também ganhava visto automático. Em um ano, entraram no país 1,6 mil haitianos.
Medidas restritivas
Diante da nova situação, em janeiro de 2012 o governo brasileiro assumiu uma posição inédita em nossa história recente: estabeleceu uma cota de 100 vistos diários para haitianos que se inscreverem para vir ao Brasil em Porto Príncipe, a capital haitiana. Os vistos permitirão a permanência no país por cinco anos, somente para quem tiver trabalho regular, e cada pessoa autorizada pode trazer a família.
O governo brasileiro pretende com essa medida desestimular o negócio clandestino do transporte de refugiados, em que é comum a morte em naufrágios, disciplinar a imigração e mantê-la sob controle. De acordo com o governo, no início de 2012 já havia 4 mil haitianos no Brasil. Em 11 de janeiro, o governo do Peru