A Metafic O Historiogr Fica Em O Ano Da Morte De Ricardo Reis

A metaficção historiográfica em O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago1
Luciano Primo da Silva2
O romance O Ano da Morte de Ricardo Reis foi escrito em 1988, por José Saramago, nascido em 1922, considerado um escritor português, pois se mudou para Lisboa aos dois anos de idade. A referida obra lhe rendeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1998, cujo personagem principal, Ricardo Reis, é o heterônimo de Fernando Pessoa, que dá nome à obra e à epígrafe que melhor define o personagem: “Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo”. O romance narra o retorno de Ricardo Reis a sua cidade natal, Portugal (Lisboa), depois de “dezasseis anos habituado a outras e mais barrocas floras, tropicais” (p. 63), no Brasil (Rio de Janeiro). Retornou à cidade de Lisboa em 1936, quando ficou sabendo da morte do amigo e poeta Fernando Pessoa através dos jornais: “Ricardo Reis vai aos jornais, causou dolorosa impressão nos círculos intelectuais a morte inesperada de Fernando Pessoa, o poeta do Orfeu” (p. 31), mas ao ir e chegar a Lisboa fica totalmente sem ação, não vai à busca do amigo que tinha falecido e nisso aproveita para passear na cidade de Lisboa, se hospeda no hotel Bragança: “por agora o hotel bastará, lugar neutro, sem compromisso, de trânsito e vida suspensa” (p. 18). Desse modo, percebe que Reis se acomoda em hotel bem localizado que faz redor das praças onde se encontram as estátuas de Eça de Queirós, Camões, o que nos dá uma visão panorâmica do rio Tejo e dos barcos de guerra nele ancorado. Nisso, não vai à procura de emprego, como médico, tem uma vida amorosa com a empregada Lídia, do hotel, e também com Marcenda, mulher bem-sucedida financeiramente, mas suas relações frequentes são com Lídia, que é uma das três musas “odes” de seus poemas. Como Reis não foi à procura do falecido Fernando Pessoa, então o mesmo começa assombrá-lo com visitas inesperadas e conversas frequentes. Essas conversas com o fantasma é contínua na nova moradia alugada de