A Mercadoria
A primeira constatação feita por Marx em O Capital é a de que o forma elementar de riqueza no capitalismo é a acumulação de mercadoria e que esta forma mercadoria carrega em si uma contradição interna ,pois ela se apresenta sob dois aspectos : valor de uso e valor de troca. A duplicidade de valor da mercadoria, inicialmente, é reverberada por Marx, já que foi Aristóteles, a quem o próprio Marx cita uma passagem em uma nota na sua obra máxima, a ter primeiro esta percepção –“Pois todo o bem pode servir para dois usos... Um é próprio à coisa como tal ,mas o outro não o é: assim , uma sandália pode servir como calçado, mas também pode ser trocada(...)”(Aristóteles). Pois bem, primeiramente, a mercadoria é trabalho objetivado, meio de subsistência, é “objeto de necessidades humanas, meio de vida no sentido mais amplo da palavra1”, ou seja, é valor de uso. Esta percepção imediata da mercadoria, valor de uso, é a forma particular das coisas, qual coincide com sua natureza aparente, carregando em si seu conteúdo que o diferencia e só se realiza no consumo, podendo ser aplicado de diversos modos. Por exemplo, o couro, tem valor de uso diferente do vidro ou de qualquer outra mercadoria e é utilizado como tecido na confecção de calçados ou de bolsas. O valor de uso é indiferente a posição ou a função econômica social da mercadoria, pois depende das características naturais e do desenvolvimento da tecnologia para sua utilização, e deste modo , não é possível imputar um valor de uso à uma mercadoria .
Embora a mercadoria seja uma necessidade social, em si, ou seja, no seu valor de uso não é expresso nenhuma relação social de produção, já que carrega em si apenas seu conteúdo , sendo impossível reconhecer o padeiro pelo sabor do pão , por exemplo .Portanto , na bifurcação do valor mercadoria , o valor de uso “fica além do campo da investigação da Economia Política. Apenas entra em seu circulo quando é determinação formal2”, pois seria