A menina
Michel Pêcheux
I. A primeira época da análise de discurso: AD-l como exploração metodológica da noção de maquinaria discurnivo-estrntural
A. Posição teórica - Um processo de produção discursiva é concebido como uma máquina autodeterminada e fechada sobre si mesma, de tal mexIo que um sujeito-estrutura determina os sujeitos como produtores de seus discursos: os sujeitos acreditam que "utilizam" seus discursos quando na verdade são seus "servos" assujeitados, seus "suportes". - Uma língua natural (no sentido lingü{stico da expressão) constitui a base invariante sobre a qual se desdobra uma multiplicidade heterogênea de processos discursivos justapostos.
Esta tomada de posição "estrutur2,Jista" que se esfuma depois da AD-l produz uma recusa (que, esta, não vai variar da AD-l à AD-3) de qualquer metalíngua universal supostamente inscrita no inatismo do esp(rito humano, e de toda suposição de um sujeito intencional como origem enunciadora de seu discurso. 311
Ad-l supÔe a possibilidade de dois gestos sucessivos: Reunir um conjunto de traços discursivos empíricos ("corpus de seqüências discursivas") fazendo a hipótese de que a produção desses traços foi, efetivamente, dominada por uma, e apenas uma, máquina discursiva (por exemplo um mito, uma ideologia, uma episteme). Construir, a partir desse conjunto de traços e através de procedimentos linguisticamente regulados, o espaço da distribuição combinatória das variaçÔes empíricas desses traços: a construção efetiva desse espaço constitui um gesto epistemológico de "ascensão" em direção à estrutura desta máquina discursi va que supostamente as engendrou.
B. Conseqüências dos procedimentos
- o ponto de partida de uma AD-l é um corpus fechado de seqüências discursi vas, selecionadas (o mais freqüentemente pela vizinhança de uma palavra-chave que remete a um tema) num espaço discursivo supostamente dominado por condições de produção estáveis e homogêneas. Donde