A Memória
“As porções celular e molecular da consolidação da memória ocorrem geralmente nos primeiros minutos ou horas após o aprendizado e resultam em alterações nos neurônios ou em conjuntos deles”, afirma o professor Alison R. Preston, do Centro de Aprendizagem e Memória da Universidade do Texas, em Austin.
A mudança envolve a reorganização de redes cerebrais que lidam com o processamento de memórias individuais e pode, por isso, demorar dias ou até anos. A demora ocorre por relacionar também as memórias declarativas – lembranças de fatos gerais e eventos específicos – e depende da função do hipocampo e de outras estruturas do lobo temporal médio do cérebro.
Em nível celular, a memória se expressa com mudanças na estrutura e função dos neurônios. Por exemplo, novas sinapses – as conexões entre neurônios, através das quais eles trocam informações – podem se formar, permitindo a comunicação entre novas redes neuronais. Alternativamente, sinapses existentes seriam reforçadas para permitir maior sensibilidade na comunicação entre dois neurônios.
Hipocampo e neocórtex
A consolidação dessas alterações requer a síntese de novo RNA – ácido ribonucleico responsável – e de novas proteínas no hipocampo, que transformam mudanças temporárias na transmissão em modificações persistentes na arquitetura das sinapses.
Com o tempo, os sistemas cerebrais superiores também mudam. Inicialmente, o hipocampo trabalha em conjunto com regiões de processamento sensorial distribuídas pelo neocórtex (a camada mais externa do cérebro) para formar as novas lembranças. Nessa área, as representações dos elementos que constituem um evento de nossa vida estão distribuídas por várias