A Mem Ria E A Sobreviv Ncia Da Narrativa
JORNADA SOBREVIVÊNCIA E DEVIR DA LEITURA
A MEMÓRIA E A SOBREVIVÊNCIA DA NARRATIVA Os estudos das ciências humanas tenderam a um discurso interdisciplinar em suas últimas produções. Esse movimento acadêmico pode ser entendido a partir das crises de paradigmas que as várias ciências humanas vieram sofrendo ao longo das análises pós-estruturalistas, que dialogavam entre si com elementos de interesses em comum. A escrita da memória, por exemplo, perpassa a base de análise da História, ao mesmo tempo em que se faz narrativa e linguagem na literatura, na psicologia, ou até mesmo na história. A possibilidade de tomar a escrita da memória como objeto de estudo, seja por documentos, ou pela vertente da história oral, que seriam os testemunhos, ao mesmo tempo em que abre um leque de narrações, trabalha também com a inexatidão da psique humana. Como afirma Jeanne Marie Gagnebin, em Lembrar, escrever, esquecer, a consulta que se faz às lembranças do passado variam com o momento atual em que se faz o acesso a elas. A pessoalidade, o estado de espírito e o contexto de quem dá o testemunho interferem, manipulam e distorcem essas memórias. O que se propõe, no entanto, é retomar o significado do conceito “daquele que sabe”, como narrador da Verdade para debater a possibilidade dos vários saberes. Inicialmente, é derrubada a regra de afastamento intencional do pesquisador com o objeto de estudo. A este respeito Le Goff dialoga que a escrita da História, por exemplo, mas como toda outra, é sempre parcial, pois o real é infinito. Cada percepção que se tem da realidade é legítima e faz parte de um discurso, logo, é posicionada na história e parte de um discurso legítimo.
O que se percebe é que os estudos tenderam a repensar a função social das ciências humanas e suas possibilidades de fontes de estudo. O historiador Marc Bloch afirma: “A diversidade dos testemunhos históricos é quase infinita. Tudo o que o homem diz ou escreve, tudo o que ele fabrica, tudo o