A MATERIALIDADE DA ROCHA NA PINTURA RUPESTRE: NATUREZA E CULTURA NA COMPOSIÇÃO DA ARTE PRÉ-HISTÓRICA
CULTURA NA COMPOSIÇÃO DA ARTE PRÉ-HISTÓRICA
Vital Silva
Danilo Vieira
Dra. Marcélia Marques
Este artigo irá apresentar reflexões acerca de dois sítios arqueológicos de arte rupestre no município de Quixeramobim. Os sítios Serrote da Lagoa do Fofô e Letreiro do Serrote da Fortuna se localizam mais precisamente no distrito de Encantado e apresentam pinturas e gravuras realizadas em um inselberg e em um matacão, respectivamente. Antes de nos atermos propriamente à análise da materialidade da rocha na representação na arte rupestre, se faz necessário um panorama sobre a cronologia e a técnica da arte rupestre em diferentes momentos para que possamos melhor nos situar no tema.
A arte rupestre constitui um elemento importante que nos permite saber informações sobre a técnica e os povos que a conceberam. Para Paul G. Bahn, há 40 mil anos os aborígenes da Austrália já estavam pintando paredões e há 27 mil anos cavernas já estavam sendo decoradas na Europa (GASPAR, 2003, p. 38).
Assim,
o
domínio
da
arte
nas
sociedades
consideradas simples está particularmente integrado à rotina da comunidade, reforça tradições e tende a estar vinculado a domínio ritual (GASPAR, 2003, p.
10).
Madu Gaspar abre a possibilidade interpretativa dos grafismos rupestres, na medida em que estes podem alcançar as mais variadas dimensões do nosso conhecimento. Enquanto alguns arqueólogos e antropólogos acreditam que os grafismos são de forma puramente estética, Gaspar (2003) e Prous (1992) afirmam há uma tendência em os associarem a representação de rituais e magia. Deste modo, a arte rupestre teria sido um dos primeiros contatos dos seres humanos com forças “mágico-
religiosas”. Anteriormente, o desenvolvimento da religião era caracterizado pela forma de submissão do homem as divindades para obtenção de favores que tornasse a natureza mais branda e maleável, diferente da forma mágica,