A Marcha Da Insensatez RODRIGOCONSTANTINO
1382 palavras
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A Marcha da InsensatezRodrigo Constantino
O racha que o protestantismo representou para a Igreja Católica foi, em grande parte, causado pelos próprios papas durante um período de sessenta anos entre meados do século XV e começo do XVI. Ao menos esta é a tese da historiadora Barbara Tuchman, que dedica alguns capítulos do seu livro A Marcha da Insensatez ao assunto. Ela define a Renascença como o “período histórico em que os valores deste mundo passaram a suplantar os do além-túmulo”, lembrando que sob seu impulso “o indivíduo percebeu ser artífice e diretor do próprio destino, ao invés de atribuir esse mérito a Deus”. O comportamento de seis papas, que praticaram a insensatez da contumácia e da obstinação, abalaram a Santa Sé, conseguindo espatifar a unidade da Igreja, que perdeu quase a metade de seu rebanho para a cisão protestante.
Tuchman resume bem o que poderia estar por trás dessa insensatez: “Perseguindo os despojos do cargo como cães a farejar a caça, cada um dos seis papas, entre os quais um Bórgia e dois Médici, revelou-se totalmente dominado pela ambição de estabelecer a fortuna da família”. Os fiéis sentiam-se traídos com o abismo entre o que os agentes de Cristo deveriam parecer e o que realmente demonstravam ser. “A veemência com que se valorizavam as benesses da vida material significou abandono do ideal de renúncia cristã”, explica a autora. A miséria ocorrida no crepúsculo da Idade Média foi seguida por novos empreendimentos econômicos e artísticos que marcaram o período assinalado como Idade Moderna. Os papas não ficariam para trás, e tornaram-se grandes patronos das artes. Leonardo da Vinci enfeitava a corte de Ludovico Sforza em Milão e o teto da Capela Sistina era pintado por Miguel Ângelo. Como conclui Tuchman, “acreditavam que através da grandiosidade e beleza visíveis o papado cresceria em renome e a Igreja manteria seu domínio sobre os fiéis”.
O papa Sisto IV, eleito em 1471, “inaugurou uma fase de caça ao ganho pessoal e ao poder