a mala de hana
Havia, no entanto, uma coisa que punha a família Brady à parte: eram judeus. Uma de apenas três famílias judias na aldeia. Mas, com excepção de George, que tinha tido umas breves aulas semanais acerca da sua religião, as crianças Brady não se sentiam diferentes dos seus amigos, e também ninguém parecia tratá-las de maneira diferente.
Hana e George, na altura com 8 e 11 anos, não podiam brincar na rua, ir ao cinema ou a qualquer acontecimento desportivo. Também foram proibidos de ir à escola, por isso a mãe contratou professores particulares para os ensinar em casa. Face a tal hostilização, os dois irmãos desenvolveram uma ligação especial. Mas o pior ainda estava para vir.
Em Março de 1941, a Gestapo prendeu a mãe. A família soube que fora enviada para Ravensbruck, um campo de concentração para mulheres na Alemanha. Pouco depois, prenderam o pai Um conhecido dele, judeu, teve a ousadia de desafiar as restrições. Recusou-se a recortar a estrela e, em vez disso, usava o tecido todo cosido ao casaco. Este acto isolado levou a que o oficial nazi prendesse todos os homens judeus da aldeia. Karel Brady abraçou os filhos, despedindo-se deles, disse-lhes para serem corajosos e desapareceu.
Devastados, Rana e George foram viver com o tio Ludwig, um cristão que tinha casado com a irmã do pai. Cada um levou uma mala com roupa. Rana escolheu a sua favorita – uma mala grande e castanha com um forro às pintinhas. Antes de os nazis