A maja desnuda
Em ambas as pinturas uma mesma formosa mulher é retratada de corpo inteiro, deitada placidamente num leito e olhando diretamente para o observador. Não se trata de um despido mitológico, mas de uma mulher real, contemporânea a Goya, e até mesmo na sua época foi chamada "a Cigana". A primazia temporária de A maja nua indica que no momento de ser pintado, o quadro não estava pensado para formar casal.
Especulou-se com que a retratada seja a Duquesa de Alba, pois à morte desta, em 1802, todos os seus quadros passaram a propriedade de Godoy, a quem é conhecido que pertenceram as duas majas, em forma similar ao ocorrido com a Vênus do espelho de Velázquez. Contudo, não há provas definitivas de este rosto pertencer ao da duquesa de Alba nem também de que não chegasse o quadro a Godoy por outros caminhos, incluindo uma encomenda direta a Goya.
Neste quadro o desenho é decisivo, por esse motivo e pelo predomínio de uma gama cromática fria nota-se a influência do neoclassicismo, ainda que Francisco José de Goya vá muito para além de tal ismo.
Embora se situe na estética neoclássica, como outras do mesmo pintor, esta obra de Goya é audaz e atrevida para a sua época, como audaz é a expressão do rosto e a atitude corporal da modelo, que parece sorrir satisfeita e contenta das suas graças. Além disso, é a primeira obra de arte conhecida na qual aparece pintado a penugem púbica feminina, que ressalta o erotismo da composição.
Cabe destacar-se a particular luminosidade que Goya dá ao corpo da nua, luminosidade que contrasta com o resto do ambiente, e junto a essa luminosidade a típica expressividade que Goya sabe dar aos olhos.