A mais valia
Qual a importância da teoria da “mais-valia”?
Até hoje, a economia política tem-nos ensinado que o trabalho é a fonte de toda a riqueza e a medida de todos os valores, de tal modo que dois objetos cuja produção custou o mesmo tempo de trabalho têm o mesmo valor e, como em média só valores iguais são cambiáveis entre si, devem também ser trocados um pelo outro. Mas, ao mesmo tempo, ela ensina-nos que existe uma espécie de trabalho armazenado a que chama capital; e que esse capital, pelos recursos que encerra, multiplica por cem e por mil a produtividade do trabalho vivo e que, para isso, reclama uma certa indenização a que se dá o nome de lucro ou ganho. Como todos sabemos, as coisas, na realidade, apresentam-se assim: os lucros do trabalho morto armazenado são cada vez maiores, imensos, e os capitais dos capitalistas cada vez maiores, enormes, ao passo que o salário do trabalho vivo é cada vez mais pequeno e a massa dos trabalhadores, que vive unicamente do seu salário, é cada vez mais numerosa e mais pobre. Como resolver esta contradição? Como é que pode ficar algum lucro com o capitalista se ao operário se restitui o pleno valor do trabalho que ele acrescenta ao seu produto? E, como só valores iguais são cambiáveis entre si, isso é, realmente, o que devia suceder? Por outro lado, como é que podem ser trocados valores iguais, como é que o trabalhador pode receber pleno valor do seu produto, se, tal como muitos economistas reconhecem, esse produto é compartilhado entre ele e o capitalismo? A economia, até hoje, tem ficado desconcertada com esta contradição e a respeito dela só tem escrito ou balbuciado umas fórmulas atrapalhadas e ocas. Até os críticos socialistas da economia têm