a luta pelos direitos humanso durante a ditadura de 64
O golpe de 1964 não significou, apenas, a interrupção, pela força, de um processo sócio-político de emergência das massas, com vistas à construção de uma hegemonia baseada na ótica das maiorias. Representou a implantação de um regime baseado numa ideologia, da “doutrina de segurança nacional”, frontalmente contrária aos princípios da autêntica democracia e dos direitos humanos. Como assinala Joseph Comblin, “o fato que mais conhecemos sobre os sistemas militares latino-americanos é sua permanente prática da violação, quase institucionalizada, dos Direitos do Homem, levando ao desaparecimento das liberdades democráticas e dos direitos individuais. Diversas associações internacionais, confessionais ou não, organizações governamentais ou não, preocupam-se com essa situação de fato...A Doutrina da Segurança Nacional é uma extraordinária simplificação do homem e dos problemas humanos. Em sua concepção, a guerra e a estratégia tornam-se a única realidade e a resposta a tudo. Por causa disso, a Doutrina da Segurança Nacional escraviza os espíritos e os corpos”.[6]
Nesse período, citado, mais recentemente, como dos “anos de chumbo”, a luta pelos direitos humanos baseia-se, essencialmente, num duplo movimento: de um lado, a reação ao sistema repressivo; de outro, o aproveitamento de todas as brechas possíveis para a abertura de espaços de redemocratização. Esse movimento envolveu vontades políticas em todos os setores da sociedade.
As Igrejas, de forma diversa, envolveram-se progressivamente nessa luta. Muitas delas sentiram na pele a ação arbitrária do Estado policial e passaram por um processo de conversão. Leigos e leigas, padres, pastores e pastoras, religiosos e religiosas foram duramente atingidos pela repressão.
Um dos principais marcos dessa tomada de posição das Igrejas Cristãs em favor dos direitos humanos e, conseqüentemente, contra a ditadura militar, foi o lançamento, em 1973, pela Coordenadoria