A luta pelo direito
Para o conferencista, modernamente a universidade sempre foi considerada um bem público, radicado em um projeto nacional, daí o fato de ter sido sempre financiada pelo
Estado. Contudo, nos últimos 30 anos - e mais especialmente com o advento da globalização - a universidade "perdeu peso no âmbito das políticas públicas, o que vem concorrendo para a sua descapitalização".
Nesse contexto é que ocorreu, especialmente em nosso país, a "emergência selvagem e desregulada do ensino superior privado, que atingiu particularmente a universidade pública.
Esta vem caminhando no sentido de um processo progressivo de privatização na medida em que tenta criar internamente um mercado de serviços.
Por outro lado, no plano global, procura-se hoje, através da Organização Mundial do
Comércio, abolir regras e limites à circulação do capital interessado nos investimentos em educação, um mercado estimado em dois trilhões de dólares. "A universidade pública não é capaz de responder a esse desafio, pois isso implicaria na sua completa mercantilização".
Assim, mais do que relacionar-se com o mercado, ela tem de ser o mercado. "Esse é o projeto de globalização neoliberal como está explicitado nos relatórios do Banco Mundial", avalia Boaventura.
Vale dizer, continua o sociólogo, que os Estados nacionais não terão mais autonomia para construir a sua própria universidade, assumindo a tarefa de investir apenas na educação básica. No seu lugar, surgem as universidades globais, "oferecendo cursos na Internet para todo o mundo". Essas universidades transnacionais funcionariam também através de acordos de franquia com algumas grandes universidades de cada país, sob a tutela das primeiras. Alternativas
O "otimista trágico" Boaventura Sousa Santos tem, no entanto, propostas alternativas para enfrentar a onda avassaladora da globalização desigual, propondo um esforço no sentido de construir a globalização solidária, tal como está contida na