a loucura na sala de jantar

A nossa civilização sempre foi muito competente na feitura de indivíduos desviantes, marginais, loucos; foi também totalmente incompetente para discutir as razões deste fenômeno. A abertura do Manicômio de Trieste, restituindo ‘ao louco’ sua condição de cidadão, desmascarou estruturas hipócritas que legitimavam a sanidade de fora em troca da loucura de dentro.
A loucura escapava dos pavilhões, dos gabinetes dos doutores psiquiatras, dos livros grossos e empoeirados para entrar nos ônibus, nos bares, no comércio... A loucura abriu portas, pulou muros do hospital para, sem pedir licença, sentar confortavelmente na nossa sala de jantar”.
O trecho acima é do livro “A loucura na sala de jantar”, do psicólogo Jaques Delgado, que por muito tempo residiu em Trieste (Itália), onde presenciou uma revolução na história da psiquiatria moderna. Em 1991, Delgado esteve em Barbacena para lançar o seu livro. Na ocasião, o psicólogo conseguiu mobilizar muitas pessoas com a idéia de uma nova atitude na luta anti manicomial no mundo. O livro “A loucura na sala de jantar” é uma referência, uma reflexão sobre a nossa responsabilidade como humanos, de transformamos o mundo em um lugar mais sadio, equilibrado e menos violento. Influenciado por Franco Bassaglia, G. Dell’Aquia, F. Rotelli e Paolo Tranchina, Jaques Delgado prestou um serviço relevante na produção de suas pesquisas na luta Saúde mental anti manicomial.
Vindo para o presente, os barbacenenses poderão ter em mãos a partir de agora, mais um estudo sobre o tema. Trata-se do livro “Colônia – uma tragédia silenciosa”. O livro que conta com o trabalho exaustivo de Edson Brandão e do psiquiatra Jairo Furtado traz imagens em preto e branco do fotógrafo Luiz Alfredo Ferreira. É um livro que cria uma provocação inteligente. Mostra a omissão da sociedade em vários aspectos, com as histórias de vida de homens, mulheres e até crianças que perderam, na sua maioria, toda uma existência atrás das grades dos hospitais psiquiátricos. Com