A literatura brasileira desde os primórdios até o período ditatorial
As primeiras décadas do século XX foram marcadas por um notável desenvolvimento técnico e científico. As inúmeras invenções descobertas alteram profundamente a face do mundo, criando novas maneiras de pensar e um novo ritmo de vida para a humanidade. Os novos tempos, guiados pela ciência, entravam definitivamente na vida quotidiana do homem e, conseqüentemente, nosso país passou por várias transformações que apontavam para uma modernização de nossa vida política, social e cultural. Politicamente, vivia-se o período de estabilização do regime republicano e a chamada “política do café-com-leite”, com a hegemonia de dois Estados da Federação: São Paulo, em razão do seu poder econômico, e Minas Gerais, por possuir o maior colégio eleitoral do país. Embora não tivesse absorvido toda a mão-de-obra negra disponível desde a abolição, o país recebeu nesse período um grande contingente de imigrantes para trabalhar na lavoura do café e na indústria. Os imigrantes italianos, que se concentraram na indústria paulista, trouxeram consigo idéias anarquistas e socialistas, que ocasionaram o aparecimento de greves, de crises políticas e a formação de sindicatos. Do ponto de vista cultural o período foi marcado pela convivência entre várias tendências artísticas, ainda não totalmente superadas e algumas novidades de linguagem e de ideologia. Na Europa não houve uma arte moderna uniforme. Houve, sim, um conjunto de tendências artísticas, muitas vezes provenientes de países diferentes, com propostas específicas, embora as aproximassem certos traços mais ou menos comuns, como o sentimento de liberdade criadora, o desejo de romper com o passado, a expressão da subjetividade e certo irracionalismo. Paris era o grande centro cultural europeu da época, de onde as novas idéias artísticas se irradiavam para o resto do mundo ocidental. Essas tendências, que surgiram na Europa antes,