A linguagem, e a sua importância na educação
Por Marcos Kiperman (4-)
"- Eu pensava que era pobre.
- Depois me disseram que eu não era pobre, era necessitado...
- Daí, disseram que era pejorativo pensar em mim mesmo como necessitado.
- Então, disseram que çarenciado produzia uma imagem negativa. Eu era desprivilegiado... - Continuo a não ter um tostão. Mas tenho agora um grande vocabulário..."
(de um cartoon de .luies Feiffer, 1965)
É evidente que os impactos dos meios físico, social e económico são fatores importantíssimos na perpetuação da cultura e do statui de pobreza. Mas há também padrões ambientais e educacionais que se encarregam de prejudicar ainda mais as poucas oportunidades e perspectivas das crianças pobres, nascidas de famílias que produzem alta incidência. de fracassos escolares e que tendem a perpetuar a própria condição nos filhos, devido em parte a hábitos educacionais decorrentes de sua formação cultural. Para essas crianças, seria adequado falar em privação cultural, carência cultural, deficiência cultural?
Discutir tais expressões supõe, antes, definir o sentido dado à palevra "cultura" neste trabalho. Ela é entendida aqui como a maneira de um grupo social encarar a vida; o que inclui tradições, valores e costumes que, na maioria das vezes, possuem longa história. Portanto, a mealidade é que as pessoas das camadas mais desfavorecidas possuem cultura própria, e bem rica. Mas, para sua desgraça, não é a mesma cultura dos grupos dominantes da mesma sociedade onde vivem e onde terão que competir.
No momento em que uma dessas crianças sai do ambiente familiar e passa a freqüentar a escola, deparaase com uma instituição organizada, mantida e regida pela classe média, que possuí padrões culturais bem diversos dos que lhe foram dados e dos que continuará a assimilar no seu ambiente. Iniciase-então para elas um processo dé marginalização que é realizado inconscientemente, através do desconhecimento total dos professores e na grande maioria