A LINGU STICA DO S CULO XIX

A LINGUÍSTICA DO SÉCULO XIX: ESCORÇO HISTÓRICO E CONTRIBUIÇÕES

O marco simbólico do início da linguística como ciência foi o trabalho de William Jones, no final do século XVIII, que apresentou semelhanças entre o sânscrito, o grego e o latim que não poderiam ser atribuídas ao acaso e indicariam uma origem comum dessas três línguas. A partir de então e por todo o século XIX, as línguas passariam a ser estudadas sistematicamente por si mesmas, dissociadas da lógica, da retórica, da poética e da noção de bom uso, de modo a se compreender suas alterações ao longo do tempo e, se possível, reconstruir os estágios anteriores e estabelecer as relações de parentesco entre elas.
Dentre os pioneiros dos estudos comparativos estão Friedrich Schlegel e Franz Bopp, que desenvolveram a gramática e o método comparativos, procedimento central nos estudos de linguística histórica. Também merece destaque o trabalho de Jacob Grimm, que interpretou a existência de correspondências fonéticas entre as línguas como resultado de mutações regulares do tempo (lei fonética).
Na metade do século XIX, August Von Schleicher, botânico evolucionista, concebeu a língua como um organismo vivo, com existência própria, independente de seus falantes e elaborou em seus estudos do indo-europeu a teoria da árvore genealógica, segundo a qual existiria uma língua antepassada, cuja mudança haveria gerado diversas ramificações.
No último quartel do século XIX, surgem as concepções de língua dos neogramáticos, linguistas relacionados à Universidade de Leipzig, que se contrapõe aos pressupostos tradicionais da prática histórico-comparativa. Hermann Osthoff e Karl Brugmann não aceitavam a concepção naturalista da língua. Segundo eles, não haveria como se estudar a língua separada do indivíduo falante. A língua existiria no indivíduo e suas mudanças se originariam nele. Em vez de buscar reconstruir estágios remotos da língua, o pesquisador deveria estudar as línguas vivas atuais e desvendar os princípios gerais