A liberdade como problema
A autora inicia seu texto com o seguinte poema A torneira seca (mas pior: a falta de sede); A luz apagada (mas pior: o gosto do escuro); A porta fechada (mas pior: a chave por dentro), o poeta fala da liberdade e de sua ausência, ao utilizar a expressão ”mas o pior” o poeta lança um contra ponto entre uma situação externa experimentada como um dado ou como um fato. Assim diante da adversidade, renunciamos a enfrentá-la, nos fazemos cúmplices dela e é isso o pior. Pior é a renúncia à liberdade. A secura, escuridão e prisão expressa no poema deixam de estar fora de nós, para se tornarem nós mesmos, com nossa falta de sede, nosso gosto do escuro e nossa falta de vontade de não girar a chave.
Um outro poema também oferece o contraponto entre nós e o mundo: Mundo vasto mundo / mais vasto é meu coração. O poeta com a expressão “o vasto mundo” confronta com a realidade exterior do qual somos uma parcela pequena e estamos mergulhados o que torna o nosso coração sentimentos e imaginação – somos maiores do que o mundo, criamos outros mundos possíveis, inventamos outra realidade.
No poema Essa felicidade que supomos, / Árvore milagrosa que sonhamos, / Toda arreada de dourados pomos / Existe, sim: mas nós não a alcançamos, / Porque está sempre apenas onde a pomos / E nunca a pomos onde nós estamos. O poeta coloca que a felicidade não é uma árvore distante, situada em algum lugar inlocalizável do vasto mundo, mas está em nós, em nosso mais vasto coração, dependendo apenas de nós mesmos, “porque está sempre onde a pomos”.
Os três poetas José Paulo Paes, Carlos Drumond de Andrade e Vicente de Carvalho, seja de modo pessimista ou otimista nos coloca diante da liberdade como problema e filosoficamente apresenta sob forma de dois pares de opostos: O par necessidade-liberdade, onde a realidade é feita de situações adversas e opressoras, conta as quais nada podemos, pois são necessários. O par contingência-liberdade, também pode ser formulado pela