A justiça de sócrates e a sofística
Pedro Durão*[1]
A Sofística é a própria técnica, os ensinamentos e a prática dos sofistas. Tratava-se de um grupo singular de pensadores que utilizavam argumentos espalhafatosos com o intuito de manipular, recepcionar e persuadir ou defender determinada posição, independentemente de seu valor e verdade. A origem da sofística se estabelece no termo que significava sábio, especialista no saber. Os sofistas eram aqueles que se apresentavam como sábios e mestres da mesma espécie de professores livres e itinerantes que exerciam seu ofício, remunerados com o escopo de ensinar a arte de falar e ter êxito na vida social.[2] Os principais sofistas que sustentavam ao sabor do momento teses paradoxais, à época helênica, são: Protágoras de Ábdera, fundador do movimento; Pródico de Céos; Hípias de Elis; Anrifon de Atenas; Trasímacos de Calcedon e Calícias e Górgias de Leontini. Em verdade, os sofistas influenciaram o curso da investigação filosófica e foram os primeiros a reconhecer o valor formativo do saber, outrossim elaboraram o conceito de cultura (Paidéia) como formação do homem e como membro de um povo ou do ambiente social.[3] Visualiza-se, de logo, que a natureza relativista de suas teses teóricas não é mais que a expressão de uma condição fundamental do ensino e, em qualquer dos casos de interesse dos sofistas limitavam-se a esfera das ocupações humanas e da própria filosofia como instrumento que possibilitava sua hábil movimentação em busca dos seus interesses. O caráter da sofística se expressa como a profissão da sabedoria, daqueles que ensinavam mediante remuneração, limitando-se ao ensino das disciplinas formais e outras noções desprovidas de solidez científica. A criação fundamental dos sofistas foi a retórica como arte de declamar ou argumentar com o fim de impressionar ou persuadir independente da validade das razões adaptadas. Segundo Chevallier[4], Protágoras, príncipe dos sofistas e perito