A janela de overton
Renato Marques de Oliveira janela de OvertoN
Glenn Beck
Com contribuições de Kevin Balfe,
Emily Bestler e Jack Henderson
A
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Prólogo
Eli Churchill era um falastrão. Depois que ele começava a falar, não tinha o hábito de parar e ouvir, mas agora um som ao longe o tinha deixado preocupado.
—Espera um minuto —Eli murmurou.
Ele aninhou o bocal do telefone público no ombro, olhou de relance para a estreita e sulcada estradinha de terra Mojave que tinha percorrido para chegar até ali, depois ergueu os olhos e encarou o longo e escuro caminho na outra direção.
Em um lugar silencioso como aquele os ouvidos podem pregar peças na gente. Ele podia jurar que havia escutado um som deslocado, como o estalido de um talo de grama seca sob os pés de alguém, embora nenhum ser humano tivesse o que fazer em um raio de 30 quilômetros de onde ele estava, mas Eli não tinha como saber ao certo.
A lua brilhava alta e os seus olhos já estavam acostumados à escuridão. Ele não via ninguém, mas, com o tipo de caras com que Eli estava preocupado, nunca se sabe.
Quando recolocou o telefone de volta no ouvido, uma mensagem automática avisou que a companhia telefônica queria outro pagamento para só então permitir a continuação da ligação.
Ele pegou suas últimas seis moedas de 25 centavos de dentro de um rolinho de papel amassado e enfiou na abertura do orelhão.
Restavam apenas três minutos. Em certo sentido, era irônico. Depois de anos de planejamento, ele tinha recolhido e
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levado consigo todas as provas de que precisava para corroborar sua história, mas não dispunha de dinheiro trocado suficiente para contá-la por telefone.
— Ainda está aí, Beverly?
— Sim. — O sinal do telefone estava fraco e a mulher do outro lado da linha parecia cansada e impaciente. — Com todo o respeito, Sr. Churchill, preciso que o senhor vá direto ao ponto. — Eu vou, eu vou. Agora, onde é que eu estava... — Enquanto ele folheava rapidamente a pilha de