A Irresponsabilidade da Crítica Literária nos Livros Infanto Juvenis
Joaquim Mattar*1
“A literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática; o imaginário e o real; os ideais e sua possível/impossível realização”. Nely Novaes Coelho2
Como leitor assíduo, jornalista e escritor da área de literatura infanto-juvenil tornam-se medíocre o silêncio, diante dos caminhos que estão sendo traçados na seara do jornalismo crítico, quando alguns articulistas colaboradores se aventuram na análise crítica de obras que estão á disposição no mercado livreiro. A “folhinha” suplemento do Jornal Folha de São Paulo de 1º/09/2012, numa coluna intitulada Cirando do Livro (Dicas para crianças, pais, professores, etc.), assinada por Gabriela Romeu fez a seguinte observação: “... Mas livro bom não costuma ensinar nada, provoca o leitor a sonhar, rir, chorar e pensar – assim como as coisas da vida.” Discordo em gênero, número e grau da afirmação, vez que, o contraditório é visível no parecer. “Se o livro bom não costuma ensinar nada... assim com as coisas da vida”, o que podemos esperar do livro, para que a criança ou o jovem possa vislumbrar a ‘construção de um mundo novo’? Na contramão do que se propõe a educação moderna e os parâmetros curriculares nacionais (PCN), a articulista desarticula consciente ou inconscientemente; as tendências humanísticas e sistêmicas, incansavelmente defendidas por educadores e críticos literários respeitáveis da área, bem como; Nely Novaes Coelho, Paulo Freire, Edgard Morin entre outros, que tentam desarticular essa visão dominadora e cartesiana, imposta pelo histórico da sociedade brasileira, nos longos anos de “chumbo e ditadura militar”, que enganavam as crianças com histórias da carochinha, para não aprenderem a realidade, tornando-as joguetes e ingênuas criaturas diante da problemática do