A invenção dos Direitos Humanos
1518 palavras
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Em 1776, a declaração de independência dos estados unidos, primeiro grande documento histórico de defesa dos direitos humanos, declarava como autoevidente a verdade de que "todos os homens são criados iguais". essas belas palavras, no entanto, não impediram que a instituição da escravidão persistisse naquele país por mais quase um século, e que as mulheres norte-americanas só conquistassem o direito de votar em 1920. paradoxos como esse são abordados e iluminados neste livro da historiadora norte-americana lynn hunt, que traça a gênese e o tortuoso desenvolvimento de noções que hoje nos parecem indiscutíveis, como a liberdade religiosa, o direito ao trabalho e a igualdade de todos os indivíduos perante a lei. tendo como eixo de análise três documentos essenciais - a declaração de independência norte-americana, a declaração dos direitos do homem e do cidadão produzida no bojo da revolução francesa (1789) e a declaração universal dos direitos humanos das nações unidas (1948) -, a autora mobiliza conhecimentos da filosofia, da crônica dos eventos políticos e da história do cotidiano para nos mostrar os avanços e recuos dessa tortuosa saga.
Hannah Arendt já diagnosticava em meados dos anos 50 do século passado, que o problema dos direitos humanos fazia parte da própria condição moderna, especialmente depois da Revolução Francesa. Notoriamente, a historiadora norte-americana Lynn Hunt, expõe justamente esse interesse moderno pela invenção e a ascensão dos direitos humanos. Com sofisticação e sutileza de quem ressalta a urgência no mundo contemporâneo das demandas referentes aos direitos, Hunt analisa com o escrutínio historiográfico, as discussões oriundas do longínquo século XVIII de Thomas Jefferson, até a Declaração Universal dos Direitos Humanos do século XX, abarcando assim, as temporalidades desse objeto de estudo. Isto porque, ela percebe a urgência do problema político dos direitos humanos no mundo ocidental, especialmente após o estabelecimento do que