A invenção do parto
ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES
Projeto de Pesquisa para obtenção de bolsa de Iniciação Científica junto ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
A Invenção do Parto:
Obstetrizes mudando a forma de nascer
Vinícius Becker de Souza
SÃO PAULO
2014
RESUMO:
Introdução
Michel Odent, médico obstetra francês, tem uma frase célebre: “Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer”. O conceito de mudança se identifica como um processo criativo, de invenção – ainda que em nossa sociedade esteja associado intimamente a ideia de progresso. Ainda que seres humanos tenham sempre nascido, não se nasce do mesmo jeito. A diversidade cultural, produto da criatividade humana, garante tantas formas diferentes de nascer quanto diferentes grupos sociais.
Neste projeto, apresentamos um interesse de pesquisar como um grupo de profissionais da área da saúde tem inventado uma outra forma de nascer no Brasil. As obstetrizes formadas nos últimos dez anos pela USP têm uma formação diferenciada. É um curso único no país, que pretende formar profissionais capacitados para a assistência ao pré-natal, parto e puerpério e a saúde da mulher, com uma grande carga horária de ciências humanas, e guiado pela Medicina Baseada em Evidências (MBE)1.
Como guias de nossa reflexão, escolhemos dois antropólogos: Roy Wagner e David LeBreton. Wagner estudou a cultura do ponto de vista da criatividade. Para ele “o verdadeiro cerne de nossa cultura, em sua imagem convencional, é sua ciência, arte e tecnologia, a soma total das conquistas, invenções e descobertas que definem nossa ideia de ‘civilização’” (WAGNER, 2012, p. 79). Devido a ambiguidade de nossa cultura, que balança entre os polos individual e coletivo, temos que o trabalho existe em duas formas: o inovador e o produtivo. A produtividade recebe maior destaque e é mais valorizada, e quando olhamos para o sistema de saúde atual, altamente tecnológico e operando