A inveja nas relações intimas
Ninguém gosta muito de pensar que possa sentir inveja, muito menos de alguém que lhe seja bem próximo. Porém, a realidade nos ensina exatamente o inverso: o sentimento ocorre mais frequentemente entre os que têm convívio íntimo.
A inveja deriva da nossa tendência a nos compararmos: nos sentimos diminuídos, humilhados, quando alguém tem algo a mais que nós. Ela costuma ser mais intensa quando consideramos que o outro não deveria ter mais, pois é da mesma faixa etária, da mesma origem social…
A manifestação mais frequente da inveja acontece entre irmãos. Cada um tem suas propriedades e, é claro, sempre um se destaca mais pela beleza, inteligência, habilidade no trato social ou na área profissional e financeira. Nesse caso, como em tantos outros, a inveja se acopla ao ciúme: irmãos disputam o amor dos mesmos pais e o anseio de serem “o queridinho” deles gera uma inevitável rivalidade. A tensão cresce e a hostilidade invejosa se manifesta de modo claro justamente quando um deles consegue obter melhores resultados ao longo dos anos da vida.
Aquele que se sente por baixo, perdedor nessa disputa, experimenta uma mistura de sentimentos: antes de mais nada, sente-se humilhado, ou seja, ferido na vaidade (esse anseio que todos temos de nos destacar); ao se reconhecer por baixo, sente raiva, o que determina o surgimento de reações agressivas sutis ou frontais. Quase toda hostilidade gratuita deriva da inveja!
Ao longo da vida adulta, quase todos nós continuamos a nos comparar com aqueles com quem cruzamos, especialmente com os que consideramos nossos concorrentes. Sempre que nos sentimos perdedores nessa comparação – e isso depende, é claro, do julgamento que fazemos de nós mesmos e do outro – experimentamos a desagradável sensação de humilhação que pode gerar hostilidade ou, naqueles mais responsáveis, um afastamento que pretende exatamente evitar a manifestação agressiva. Ainda que haja o afastamento, o desconforto