A intuição - filosofia/sociologia
Fenomenologia da intuição
Ela chega de mansinho, inesperadamente. Como os animais selvagens, ela foge das falações e intrusões da mente. Quando você baixar a guarda, fazer silêncio e sair da lógica controladora, ela pode aparecer. Se não acontecer, não se cobre e não se culpe. Ela é livre. Talvez, você não tenha sido suficientemente instintiva para acolhê-la, suficientemente livre para recebê-la. Talvez, você só tenha feito de conta. Ela é verdadeira, e se você não a levar em consideração, ela se retrai, desaparecendo nas matas da psique sem deixar marcas. Ela não espera por você, é você quem deve estar pronto para colher o relâmpago de sua aparição. Se estiver distraído com as trivialidades do dia-a-dia, você não vai poder colher a sutileza de sua mensagem. Se estiver trancafiado na lógica da causa-efeito, vai se comportar como um tanque de guerra que esmaga as sutilezas da intuição pelo caminho. Se, enfim, suas preocupações são em manter tudo “tranquilo”, irá desprezar o sutil arrepio esclarecedor que uma intuição inesperada traz.
A intuição é um fenômeno que nos acontece, não podemos procurá-lo. É um acontecimento vinculado a um modo de perceber a realidade. Ela é um fato da psique humana facilmente reconhecível na vida de todo mundo. Não é preciso recorrer à psicologia para perceber que a intuição é irracional, que perpassa os limites do imediato, e que pode pôr em cheque nossos valores ou expectativa, abrindo outros horizontes.
Psicologia e intuição
Entretanto, é importante reportar as elaborações do psicólogo que estudou o fenômeno da intuição relacionando-o com o conjunto da psique e seu modo de funcionamento.
Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço (1875-1961) apresenta em em “Tipos Psicológicos” (1921) uma tipologia psicológica dinâmica baseada em sua visão da psique como um todo. Da quaternidade de funções (o quatro é o número que representa a totalidade), a intuição é uma delas. Jung chegou às funções psicológicas