A intolerância a partir de uma visão psicanalítica
A Intolerância a partir de uma visão psicanalítica
É visível no dia a dia a palavra tolerância - e derivados desta-, ser usada em todo o tipo de contexto sejam na tolerância ao racismo, ao sexismo, à homossexualidade, à política, enfim, a todas as ideologias hoje presentes e, muitas vezes, conflitantes. São expostos e impostos diariamente discursos carregados implicitamente de ideologias e também outros discursos apaziguadores carregados de preconceitos implícitos, quando seu objetivo não é gerar preconceito ou fortalecê-lo.
Partindo do princípio de que em cada língua no mundo, as palavras, por mais que sejam sinônimos, carregam em si significados e conceitos diferentes. Para os de língua portuguesa em terras sulamericanas, a palavra tolerância significa: “3) direito que se reconhece aos outros de terem opiniões diferentes ou até diametralmente opostas às nossas; 8) atitude social de quem reconhece aos outros o direito de manifestar diferenças de conduta e de opinião, mesmo sem aprová-las (Moderno Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis, online). Deve-se notar que desse significado da palavra “tolerância”, o que prevalece no senso comum é o reconhecimento do diferente e sua não aprovação. E é sobre esse aspecto que esse texto inicialmente vai tratar.
Ao dizer que se tolera algo ou alguém, nesse discurso está implícito que não se gosta desse diferente, não se aprova, mas convive com certa distância. Essa distância é o que se pode chamar de tolerância. É a fronteira entre o mundo do indivíduo e o mundo do outro. No momento em que o mundo do outro começa a invadir o alheio, cria-se uma barreira que força o estranho a passar por questionamentos e julgamentos dando origem ao preconceito na sua forma pura, não na forma pejorativa a qual estamos todos acostumados a usar. Inconscientemente, as normas da sociedade vigente, imposta ao sujeito, fazem com que essa fronteira se torne um abismo e o preconceito um sinônimo de ódio.