A institucionalização do hezbollah
Como uma milícia religiosa tornou-se uma força militar assustadoramente poderosa, até tornar-se um dos partidos políticos mais representativos do Líbano. O artigo propõe discutir a transformação do partido político do Hezbollah, expondo suas ambigüidades, a dualidade entre o seu caráter ideológico revolucionário e violento e seu lado pragmático expresso na política.
Introdução
O Hezbollah constitui atualmente uma das maiores preocupações na política de segurança dos Estados Unidos, União Européia e fundamentalmente Israel. Em meio à guerra ao terror propagada pela doutrina Bush depois dos ataques do 11 de setembro, o Partido de Deus, assim traduzindo, demonstrou mais força do que nunca antes na história da organização. O ápice de sua fama nesse contexto foi a guerra contra Israel em 2006, que demarcou o momento áureo da organização, declarando a única força árabe no Oriente Médio capaz de vencer “as tropas sionistas”. Apesar de essa vitória ter um caráter discutível, sem dúvida alguma a organização se fortaleceu muito depois da guerra contra Israel e continua no seu processo de engrandecimento da ideologia militante radical xiita no Líbano. Entretanto o Hezbollah não é apenas uma força beligerante armada ou um grupo terrorista em guerra permanente com Israel. O que torna esse movimento tão espetacularmente interessante de ser estudado é que ele engloba todas as características de um proto-Estado autoritário islâmico nascendo dentro do Estado oficialmente reconhecido do Líbano. O Hezbollah provê serviços onde o governo libanês não “funciona, o Hezbollah tem uma ideologia sectarista e religiosa, mas tem um projeto nacional também e é vulnerável a transformações no tabuleiro de forças políticas do Líbano. O Hezbollah é volátil, ambíguo e complexo tanto em conteúdo ideológico quanto em planejamento estratégico. Uma vez descambando para a violência contra