A influência da heterogeneidade da matriz na estrutura de comunidades de invertebrados cavernícolas
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INTRODUÇÃO As cavernas são componentes de um tipo de relevo denominado “carste”, que pode ser
caracterizado como um complexo dinâmico em constante modificação, principalmente pela ação da água atuando na formação, moldagem e deposição de inúmeras feições (Gilbert et al. 1994). O ambiente cavernícola é caracterizado por uma elevada estabilidade ambiental e pela ausência permanente de luz (Poulson & White 1969; Culver 1982). A temperatura no interior de cavernas aproxima-se da média das temperaturas externas e a umidade é elevada, muitas vezes tendendo à saturação. Em cavernas extensas, a temperatura e a umidade quase não variam em locais distantes da entrada (Barr & Kuehne 1971; Howarth 1983) e de uma maneira geral, o ambiente físico das cavernas varia menos que o ambiente epígeo (externo) circundante. A ausência permanente de luz restringe a produção primária em cavernas a organismos quimioautotróficos (Sarbu et al. 1996; Engel 2005) e a raízes que crescem a partir de plantas epígeas (Howarth 1983, Souza Silva 2003) sendo raros os casos onde estes são os principais fornecedores de energia na base da teia trófica. Desta forma, quase todos os nutrientes presentes nos ambientes cavernícolas são provenientes dos ambientes externos (epígeos). A
importação da matéria orgânica do ambiente externo para as cavernas se dá por agentes físicos ou biológicos (Culver 1982, Ferreira e Martins 1999, Howarth 1983). As alterações no uso e cobertura do solo nas áreas externas adjacentes às cavidades tem forte