A Imprecisão Weberiana da moral protestante sobre o espírito capitalista
André Luis de Souza Alvarenga 1
“O individualismo econômico, o risco, a racionalização da empresa formam a trama da existência burguesa; o protestantismo não é mais do que uma maneira para a classe de se confirmar em sua existência ou de se reconhecer.” (LEFORT, Claude, p.140)
Claude Lefort 2 inicia em sua obra “As formas da História” sua crítica em relação a Max Weber e sua teoria de que a moral protestante tenha influência estrita e diretamente na formação do espírito capitalista. De início, Lefort busca demonstrar ou se aproximar da essência dessa questão. Ele destaca assim a apropriação da religião protestante pelos burgueses de algumas regiões da Europa do final da idade média, como por exemplo, Antuérpia, Amsterdam e Londres. Na presente síntese, será tentado demonstrar toda situação que levou a estes fatos.
Para uma visão panorâmica do que nos interessa – o ponto que coincide o capitalismo e o protestantismo – precisa-se remeter ao início do processo de monetarização de uma sociedade até então feudal. Após o fim das incursões dos povos ditos como bárbaros e o considerável aumento demográfico devido ao bom clima que se instaurou no continente gradativamente a partir do ano mil, a Europa medieval mostrou-se aberta para outros olhares, principalmente o econômico. De fato, o bom clima favoreceu as colheitas causando excedentes agrícolas. Agora, o camponês medieval não precisava necessariamente ficar acolhido em um senhorio por necessidade ou medo 3; para facilitar a troca das mercadorias excedentes, os locais onde se realizavam o escambo – as cidades ou burgos – aspiravam à ideia de liberdade, daí o ditado alemão do século XII, “O ar da cidade me liberta”; era aquilo que os camponeses não possuíam presos aos laços e costumes de cada feudo.
Na situação apresentada, o comerciante, aquele que se aventura vagando nas cidades por uma vida livre e autônoma, busca pagar seus tributos a um