A IMPOSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO NÃO-HUMANO NA FILOSOFIA KANTIANA
The impossibility of knowledge in nonhuman Kantian philosophy
Márcio Francisco Rodrigues Filho*
Resumo: Neste artigo pretendo mostrar que, seguindo-se a teoria da experiência proposta por Kant, animais não-humanos jamais seriam capazes de identificar objetos do mundo exterior. Isso porque, de acordo com Kant, para se ter experiência empírica são necessárias duas fontes do conhecimento: conceitos e intuições.
Porém, somente seres humanos operam com conceitos; animais, não. Cães e gatos, no entanto, assim como os seres humanos, reconhecem e são capazes de identificar objetos mesmo não possuindo pensamento abstrato e reflexivo (razão). A tese de Kant mostra-se, com efeito, falsa, pois, como procurarei mostrar, ela impossibilita que animais nãohumanos portem esses estados cognitivos. Para tanto, primeiramente apresento a teoria da experiência kantiana, isto é, como a experiência é possível de acordo com a sua filosofia transcendental. No segundo momento, apresento meus argumentos em objeção à esta tese. Por fim, a partir de minhas objeções, concluo que devemos rejeitar a afirmação de
Kant a respeito da experiência, pois sua tese sobre o modo como podemos conhecer o mundo objetivo, de acordo com meus argumentos, se mostra contraditória ao necessitar de uma base cognitiva que requeira intuições e conceitos.
Palavras-chave: teoria da experiência; intuições; conceitos; Kant; animais nãohumanos.
Abstract: In this paper I intend to show that, following the theory of the experiment proposed by Kant, nonhuman animals would never be able to identify objects in the outside world. That's because, according to Kant, to have empirical experience requires two sources of knowledge: concepts and intuitions. But only humans operate with concepts; animals, no.
Dogs and cats, however, as humans, are able to recognize and identify objects even not having reflective and