A importância do Ouro no Peru
Há muitos milênios anteriores ao descobrimento da América, a humanidade já havia estabelecido a supremacia do ouro e da prata sobre os demais metais, próprios de reis e príncipes.
Todos os mitos que a humanidade pode imaginar em relação a fortunas e riquezas fabulosas, todos os sonhos oferecidos pelas experiências mágico-religiosas dos alquimistas para transformar os metais em ouro, tornam-se pequenos e esfumam-se no século XVI perante o descobrimento do império dos Incas e os tesouros do templo incaico do Koricancha, em Cusco.
Quando o Inca Atahualpa avançava pela praça de Cajamarca ao encontro de Pizarro em um fascinante cortejo de soldados ataviados com facões de ouro, diademas e, posteriormente, enchendo o quarto do resgate com vasilhames de ouro, os espanhóis descobrem que o Peru, com seus tesouros, ultrapassa as lendas da história do mundo.
Para o império dos Incas, a prata cresce sobre a influência da Lua, porém, somente o ouro pode receber do Sol as boas qualidades; ele não envelhece, não enferruja, é o símbolo da perfeição, da pureza e da imortalidade e, por isso, é dedicado ao deus supremo, Wiracocha.
Para as sociedades pré-hispânicas, os materiais como a concha Spondylus e os tecidos tiveram um maior valor do que os metais preciosos, por serem produto do esforço e da inteligência do homem. Para os europeus, no entanto, o ouro e a prata eram a base do prestígio e poder. Acreditavam que possuir essa abundante riqueza seria uma recompensa divina pela ação evangelizadora que eles exerceram com a introdução da fé católica no mundo andino.
No Peru pré-inca existia ouro nos rios e nos filões minerais subterrâneos. As primeiras minas conhecidas são as de Zaruma no norte do Peru, em Tumbes e Pataz na Libertad, exploradas pelos metalúrgicos da Cultura Chimu. Em Huánuco, Cajamarca e no Collao (na serra sul no lago Titicaca) existiram rios com grande quantidade de ouro, afirmaram os espanhóis durante a conquista. O cronista