A IMPORTÂNCIA DO CONCEITO DE MEMÓRIA COLETIVA OU SOCIAL NA VISÃO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS.
Na realidade, não há percepção que não esteja impregnada de lembranças, entendendo a percepção como o resultado de uma interação do ambiente com o sistema nervoso humano. Essa é a perspectiva do filósofo que aprofundou os estudos psicossociais,na década de 59, Henry Bergson, na tentativa de “desubjetivar” a noção de memória.
Para ele a memória podia ser entendida por dois movimentos distintos, o que ele denominava de “memória-hábito”: o corpo guarda esquemas de comportamento de que se vale muitas vezes automaticamente na sua ação sobre as coisas. Ela é adquirida pelo esforço da atenção e pela repetição de gestos ou palavras, além de ser um processo que se dá pelas exigências da socialização, escrever, falar língua estrangeira, dirigir, costurar, digitar, etc. ações que fazem parte do nosso acervo cultural.
De outro lado ele inseria as lembranças independentes de quaisquer hábitos, lembranças singulares, isoladas, autênticas, que chamava de “ressurreições do passado”, de caráter não mecânico, mas evocativo, do seu aparecimento via memória.
Além de Bergson, outro estudioso da memória foi o sociólogo Maurice Halbwachs, (1877-1945) cujo trabalho se voltava para as relações entre memória e história pública, da qual foi o principal pesquisador. Ele entendia a memória como “quadros sociais da memória”, ou seja, a memória individual existe, mas situa-se na encruzilhada das malhas de relações múltiplas nas quais o homem está engajado, não escapando da trama da existência social atual.
Assim a consciência não está jamais fechada sobre si mesma, somos arrastados em múltiplas direções como se a lembrança fosse um ponto de referência diante da variação dos quadros sociais e da experiência coletiva. Nessa linha de pesquisa as relações sociais não ficavam limitadas ao mundo da pessoa, mas perseguiam a realidade interpessoal das instituições sociais, nas quais à memória do