A importância da semana da arte moderna
A semana de Arte Moderna, vista isoladamente, não deveria merecer tanta atenção. Os jornais da época, por exemplo, não lhe dedicaram mais do que algumas poucas colunas e a opinião pública ficou distante. Seus participantes não tinham sequer um projeto artístico comum; unia-os apenas o sentimento de liberdade de criaçao e o desejo de romper com a cultura tradicional. Foi, portanto, um acontecimento bastante restrito aos meios artísticos, principalmente de São Paulo.
Apesar disso, a Semana foi aos poucos ganhando uma enorme importância histórica. Principalmente porque representou a confluência das várias tendência de renovação que, empenhadas em combater a arte tradicional, vinham ocorrendo na cultura brasileira antes de 1922. Mário de Andrade, em uma conferência comemorativa dos vinte anos da Semana de Arte Moderna, afirmou: "O Modernismo, no Brasil, foi uma ruptura, foi um abandono de princípio e de técnicas consequentes, foi uma revolta contra o que era a Inteligência nacional".
Em segundo lugar porque conseguiu chamar a atenção dos meios artísticos de todo o país e, ao mesmo tempo, aproximar artistas com idéias modernistas que até então se encontravam dispersos. A partir daí, em São Paulo e em vários outras cidades de todo país, formaram-se grupos de artistas e intelectuais que fundaram revistas de arte e literatura, publicaram manifestos, enfim, levaram adiantes e aprofundaram o debate acerca da arte moderna.
Além disso, a Semana, ao aproximar artistas de diferentes áreas - escritores, poetas, pintores, escultores, arquitetos, músicos e bailarinos -, permitiu o intercâmbio de idéias e de técnicas, o que ampliaria os diversos ramos artísticos e os atualizaria em relação ao que se fazia na Europa.
Os reflexos da Semana fizeram-se sentir em todo o decorrer dos anos 1920, atravessaram a década de 1930 e, de alguma forma, têm relação com arte que se faz hoje.