A IMPORTANCIA DO BRINCAR
Os sentidos do lúdico
Para tratar de cultura lúdica, é preciso entender o significado de conceitos como jogo e brincadeira. A pesquisadora Tizuko Kishimoto, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), relaciona brinquedo e brincadeira com criança, o que não deve ser confundido com o jogo, usado por adultos também, mas que comporta muitos sentidos. “Se tomarmos ‘jogo’ como uma ação ou atividade guiada por regras com finalidade em si mesma, recreativa, teríamos problema para designar como jogo as brincadeiras livres ou de papéis”, exemplifica Alvaro Marcel Palomo Alves, doutor em Psicologia e Sociedade e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Alves cita o trabalho do historiador holandês Johan Huizinga (1938), que extrapola as relações entre jogo, história e cultura: “Para ele, a vida cultural do homem emerge a partir do jogo e não o contrário, existindo uma espécie de ‘instinto do jogo’. O jogo é anterior à cultura, mas sem dúvida é recriado e ressignificado por ela”, destaca.
Brincadeiras de casinha, brinquedos de guerra, heróis da televisão, jogadores de futebol etc., enumera o professor, são elementos que encerram em si significados e ideologias, servindo de apoio na construção de sentidos exigidos por jogos simbólicos. “Neste sentido é que ocorre a bidirecionalidade da transmissão cultural, pois a atividade de brincar da criança é estruturada conforme os sistemas de significado cultural do grupo ao qual ela pertence”, diz o professor. O grande equívoco dos adultos que tentam impedir certos conteúdos nos jogos infantis, aponta Alves, é acreditar que a criança que brinca está levando o elemento do jogo "a sério", confundindo o plano do jogo com a realidade do papel social representado. “Se vemos um menino no jogo de computador ganhando pontos por brigar na rua (virtualmente), não podemos transpor o plano do jogo virtual para o real, acreditando que o menino está ficando mais