A imigração e a formação do mercado de trabalho
Francisco Humberto Vignoli
O início do século XIX é marcado por profundas transformações que modificaram a vida político-econômica do Brasil. A vinda da Família Real, a abertura dos portos ao comércio internacional, o posterior processo de Independência, assim como o surgimento de uma nova estrutura administrativa caracterizam o fim de uma fase e o início de um novo ciclo. Paralelamente há que se considerar a estagnação em que se encontrava a economia brasileira. A tendência declinante dos preços internacionais do açúcar e a queda das exportações do algodão foram motivadas pela produção em larga escala nos EUA. A reintegração do Brasil no comércio internacional, em novas bases, não seria possível por meio das exportações tradicionais.
EXPANSÃO CAFEEIRA: LEI DE TERRAS E IMIGRAÇÃO O café assume importância comercial para o Brasil no início do século, em função da alta dos preços internacionais causada pela desorganização da produção do Haiti. O desenvolvimento de sua produção concentrou-se inicialmente no Vale do Paraíba, com base no aproveitamento da mão-de-obra oriunda da desagregação da economia mineira, e em decorrência também da proximidade do porto do Rio de Janeiro, o que facilitaria o transporte da produção. O período de formação da economia cafeeira representa também o período de formação de uma nova classe empresária com características bem distintas da classe dirigente açucareira, à qual sucedeu. Aquisição de terras, organização da produção, recrutamento de mão-de-obra, transporte interno, comercialização nos portos, interferência na política financeira e econômica são elementos importantes e presentes
na formação da nova classe dirigente do país, a qual, desde logo, percebeu a importância que podia ter o governo como instrumento de ação econômica. Os incentivos advindos do aumento das quantidades demandadas de café, assim como a elevação dos preços no mercado internacional, encorajaram o aumento