A imagem do sertanejo
O vocábulo sertão significa uma região sem cultivo ou lugar longe de povoação onde sempre esteve ligado a significados negativos, a espaços distantes e sem civilização. O Nordeste, bem como o nordestino, é, acima de tudo, um objeto discursivo. Desse modo, a identidade nordestina se apresenta não como resultados de uma simples relação natural e absoluta entre linguagem e mundo, como a imagem fiel da realidade, mais sim como um discurso, construído a partir de um bojo heterogêneo de praticas sociais e culturais que tem seu funcionamento a partir das condições de sua enunciação, condições estas que determinam, através de mecanismos disciplinares, o que pode ou não ser dito.
Historicamente o processo de construção da identidade nacional, retoma as diferentes formas. É neste período que as teorias ligadas, principalmente, à raça e ao meio emergem com toda força visando explicar o descompasso do Brasil em relação a outros países do mundo, principalmente em relação à Europa. A partir do paradigma naturalista, a importância do meio combinado às características da raça justificava, categoricamente, os porquês do comportamento do brasileiro. O exemplo disso via-se o negro do litoral sendo mais malevolente, o homem do sertão mais sisudo e ríspido, a mulata sensual... E, assim foi-se criando um Brasil de tipos (degenerados) e construindo no discurso sobre a identidade nacional o contorno de alguns estereótipos. Aparece deste modo, um quadro pessimista sobre a construção da nacionalidade e consequentemente o progresso e a modernização do país. Considerava o Sul, principalmente São Paulo, como o local de uma aristocracia moral e psicologicamente superior, desta forma, restava ao Norte subordinar-se às influências modernizadoras do Sul. Sendo o calor inadequado para o desenvolvimento de uma civilização e os mestiços e negros uma sub-raça incapaz de realizá-la, Estaria o Norte condenado à decadência? Em resposta a esse