A ilusão das cidades espirituais
Durante muitos séculos, desde os matemáticos gregos, houve um enaltecimento da matemática, e particularmente da Geometria como a “ciência dos deuses”, no sentido de que, o mundo celeste para os pitagóricos e seus sucedâneos, era composto de figuras geométricas perfeitas. De Platão a Galileu, acreditou-se no dogma do círculo perfeito, até Johannes Kepler demonstrar que os planetas descrevem órbitas elípticas e não circulares, em torno do Sol.
Assim, durante séculos acreditou-se que a “natureza é o livro de Deus”, e que ele está escrito em caracteres matemáticos. Hoje, contudo, sabemos que, mesmo a Terra não é uma esfera perfeita, ela é achatada nos polos, e no mundo celeste não foi encontrado até hoje um único objeto que tenha uma forma geométrica perfeita.
Então, fica fácil compreender o raciocínio elaborado sobre tal lógica: “Deus criou o universo matematicamente perfeito; ao filósofo natural – argumentavam – cabe ler o “livro de Deus”, que está escrito em caracteres matemáticos.
Torna-se evidente e notório, assim, que o que se passa é justamente o inverso: a matemática é uma criação única do homem, e quem sabe se não podemos dizer que somos os únicos seres no universo a utilizá-la como instrumental simbólico para compreender o mundo físico? Sei que, para os que lêem isto, parece que estou indo longe de mais. Reparem, contudo que, dentro do nosso próprio planeta há outras culturas com outros entendimentos sobre o mundo físico.
Mito e razão
Muitos gostam de comparar o mito, por exemplo, com o dogma, mas esta comparação não é justa e nem verossímel. Muitos mitos são alegorias sobre nossa condição humana e nossa relação com o mundo. Assim como as parábolas, os mitos têm o poder de nos fazer enxergar mais além, logo, eles podem ser mais poderosos do que proposições filosóficas e fatos científicos. Os espíritas sabem que o Livro dos Espíritos deixa bem claro que os diversos mundos materiais em