A ideologia por trás do filme 300 A ideologia por trás do filme 300
Para Terry Eagleton1, o termo ideologia é um conceito muito amplo e abrangente, uma trama tecida com diferentes fios conceituais, que envolvem desde uma simples idéia até pensamentos (e a comunicação destes pensamentos) que ajudem a legitimar um poder político dominante.
Recentemente, estreou nas salas de cinema do Brasil, o filme ‘300’, dirigido por Zack Snyder (de ‘Madrugada dos Mortos’). O filme retoma a famosa batalha de Termópilas, no ano de 480 a.C., na qual o rei de Esparta, Leônidas (Gerard Butler), lidera seu exército (300 homens) contra o avanço dos Persas (aproximadamente 2 milhões de homens), comandados por Xerxes (Rodrigo Santoro). Na História, a batalha ficou marcada por ter inspirado toda a Grécia a se unir. O filme é uma adaptação do quadrinho “Os 300 de Esparta”, criado por Frank Miller e Lynn Varley. Desde sua estréia, o longa tem provocado reações de amor e ódio naqueles que foram aos cinemas. Diversas matérias foram publicadas em revistas e jornais, além de páginas e páginas de blogs serem destinadas à discussão sobre a ideologia embutida (ou não) no filme.
Pode-se identificar durante a trama um aspecto ideológico principal: a eterna luta entre o Ocidente e o Oriente. Rodrigo Santoro interpreta um Xerxes caricaturizado, cujo rosto aparece coberto por piercings e o corpo, sem absolutamente nenhum pêlo, surge praticamente nu (vide anexo 1). Primeiro problema: um rei persa depilado era uma coisa impensável. “O rei sempre tinha um bigode e uma longa barba; no caso de a natureza negá-los, dispunha de perucas e bigodes falsos”, diz Barry Strauss, historiador da Universidade Cornell (EUA). Em público, os soberanos persas sempre usavam longos mantos de cor púrpura, capas douradas, uma espada e uma coroa real2. Além disso, Xerxes mostra-se um covarde que quase desmaia ao ver o próprio sangue, efeminado, dirigente de um exército de bestas e que, egocêntricamente, declara-se um deus. Devemos lembrar que