A Ideologia Alemã foi escrita entre 1845 e 1846, permanecendo por quase um século em seu formato de manuscrito, sendo dirigida aos filósofos “pós-hegelianos”, com destaque a Feuerbach, Strauss, Stirner e Bauer. Os autores realizam uma crítica aos ideólogos alemães, em seus intentos de fragilizar a estrutura do pensamento hegeliano, substituindo, porém categorias abstratas por outras, num exercício que eles denominam de “meras sobreposições de fraseologias”. Assim, a obra em questão, além de possuir um “foco histórico” específico, pressupõe a interlocução com pressupostos teóricos específicos – a saber, a filosofia de Hegel. Marx e Engels denominam os ideólogos alemães de “carneiros que se julgam lobos, que balem de modo filosófico as representações da burguesia alemã” (A Ideologia Alemã, pg. 35), ou seja, tomando como metáfora o seguinte versículo bíblico direcionado aos doutores da Lei, porém de forma invertida: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores” (Bíblia Sagrada, versão Almeida Corrigida – Mateus, Cap.7 vers. 5). Com esta colocação, os autores da Ideologia Alemã pretenderam demonstrar o sentido inverso do texto bíblico ao referirem-se aos ideólogos alemães, ou seja, que estes, na pretensão de demolir o sistema hegeliano com ataques “ferozes” às suas estruturas (lobos), na verdade acabavam por corroborar o idealismo hegeliano, substituindo conceitos abstratos elevados ao status de universalidade por outros, sendo, portanto apenas cordeiros mansos em seus “ataques”. Nesta metáfora pode-se perceber de onde parte a crítica de Marx e Engels aos ideólogos alemães. Para Marx e Engels, enquanto que na Europa ocorrem verdadeiras revoluções, na Alemanha a única “revolução” aparente se dá no campo das ideias, ou seja, no campo da abstração. Referem-se ao processo de decomposição do Espírito Absoluto, empregado pelos filósofos neo-hegelianos, que, cada um