A hospitalidade na arquitetura
Fernando Freitas Fuão
Nesse ensaio, Fuão apresenta o tema da hospitalidade como o 'lugar outro' da interioridade da arquitetura, o lugar que dá lugar às relações humanas e fundante das cidades. A hospitalidade se estrutura a partir da relação hóspede e hospedeiro, comparando-se ao movimento da collage e seus Encontros, tal como apresentado em "A collage como trajetória amorosa", em que as figuras da 'espera' e da 'errância’ desempenham papéis análogos ao hóspede e anfitrião em seu processo de acolhimento Segundo o autor, Derrida reflete sobre hospitalidade no que diz respeito a uma questão do lugar, convidando o sujeito a reconhecer que ele é, antes de nada, um hóspede. A hospitalidade tira do espaço o tema do espaço, e o relaciona com o indivíduo, como se ele próprio portasse a hospitalidade, o próprio espaço. O sentido não está no espaço ou na arquitetura, mas sim nas próprias pessoas. O autor salienta, porém, que é quase impossível pensar a hospitalidade sem um lugar específico. A interioridade, assim como a hospitalidade, é sempre construída por uma relação de abertura feita de fora para dentro, do que chega para o outro, para constituir assim o dentro. Na arquitetura sempre se constrói o edifício por fora constituindo o dentro, porque o nosso conceito de interioridade se dá a partir do fechamento do corpo, da sua pele, a exterioridade. Para o autor, a interioridade se dá na borda do outro, e afirma que “Se existe uma interioridade, uma interioridade das coisas, ela só pode estar mesmo fora, fora de si, quase ali no outro, só pode ser ar, neuma.” Para o autor, exteriorizar significa permanecer no território do outro, na interioridade do outro. Hospitalidade é “Dentro e fora ao mesmo tempo, nem dentro nem fora em nenhum tempo.” A hospitalidade aqui está atrelada ao cuidar, ao amar, uma hospitalidade incondicional, o lugar onde se trata do outro, morada dos acolhimentos. Hoje, nossas cidades, bairros e casas se tornaram