A hora e a vez da engenharia
Temos acompanhado nas mais diversas mídias: o Brasil “virou a bola da vez”. Mas para que o país do futebol possa ser também o país de outros campos é necessário um esforço enorme em nossa estrutura de formação e qualificação de profissionais. Em todos os fóruns de debate sobre o futuro de um Brasil muito próximo de uma potência econômica, acadêmicos, lideranças empresariais e políticas, cientistas sociais ou economistas se deparam inevitavelmente com um obstáculo: a expansão e qualificação de nossa mão de obra, para acompanhar o ritmo de crescimento. E nessa área uma sobressai como das mais necessárias e mais deficitárias: a engenharia.
Quando os estudiosos se debruçam sobre os mecanismos que levaram algumas nações a crescer mais que outras, um número é sempre enfatizado, o de engenheiros na ativa. Na Europa e Ásia este número é de 25 engenheiros para cada mil pessoas economicamente ativas; no EUA, o número chega perto dos 40. No Brasil, a relação é ainda muito pequena: 6 engenheiros para cada mil pessoas economicamente ativas. Essa defasagem é ainda mais notável quando nos advertimos que a busca por engenheiros qualificados não é restrita à idéia de que estamos falando de profissionais para a construção civil.
Pelo contrário, o campo de atuação desse setor é cada vez mais amplo e mais sofisticado. Estende-se pela engenharia elétrica, mecânica, química, naval, mecatrônica, ou de produção, das quais depende o Brasil que todos sonhamos.
Entretanto, formamos hoje algo em torno de 32 mil engenheiros por ano, quando a demanda é superior a 60 mil profissionais. O Conselho Nacional da Indústria estima que em 2012 haverá no Brasil um déficit de 150 mil engenheiros. Somente para nos prendermos ao Bric (Brasil, Rússia, índia e China) - o grupo de países emergentes do qual fazemos parte - a nossa distância é preocupante: a China forma 400 mil engenheiros por ano, a Índia chega a 250 mil e a Rússia